Informalidade cresce e se revela uma ‘herança maldita’ da crise

outubro 04 2017

O aumento da informalidade no mercado de trabalho será um dos legados da mais longa crise econômica registrada no Brasil. Apesar da contínua queda na taxa de desemprego, desde o pico de 13,7% e 14,2 milhões de desempregados de março, a informalidade mantém trajetória de crescimento, o que aponta para uma piora qualitativa do mercado de trabalho, como resultado da prolongada recessão.

A taxa de informalidade da mão de obra chegou a 46,4% no segundo trimestre, valor mais alto já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, cuja série histórica começa em 2012.

A crise reverteu a tendência anterior de queda da informalidade. Do primeiro trimestre de 2012 ao segundo trimestre de 2014, a taxa de informalidade havia recuado de 45,7% a 43,9%, queda de 1,8 ponto percentual. O levantamento foi elaborado por Bernardo Coelho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), a partir dos microdados da Pnad Contínua.

Para calcular a taxa de informalidade, foi considerado a proporção de empregados dos setores privado e público e trabalhadores domésticos sem carteira assinada, além de trabalhadores por conta própria e aqueles que ajudam familiares sem remuneração, com relação à totalidade da população ocupada.

O trabalhador informal geralmente recebe menos do que seus pares com carteira assinada, não tem direito a garantias e benefícios e não contribui para a previdência social.

Por setores, a informalidade teve maior crescimento durante a crise na indústria, de 4,6 pontos, para 45%. Em serviços, o avanço foi de 3,2 pontos percentuais, a 42,2%. Já na agricultura, o setor de mais elevada informalidade da economia, curiosamente houve queda da informalidade na recessão, de 82% a 80,4%, após uma leve alta no pré-crise.

Por regiões, o Nordeste teve o menor incremento da informalidade na recessão, de 0,8 ponto, a 59,4%.

Com dados da Força Sindical